Uma Igreja muito antiga
Como muitas outras
igrejas paroquiais, a de Bagunte, com alguns acrescentos, ocupa o mesmo lugar
onde originalmente foi erguida há mais de mil anos, dois séculos antes de
Portugal se tornar independente e quando a ameaça moura já estava bastante
afastada para sul.
Temos pronto o primeiro dos dois volumes que tencionamos publicar sobre Bagunte. Esperamos que em Novembro haja livros disponíveis.
Temos pronto o primeiro dos dois volumes que tencionamos publicar sobre Bagunte. Esperamos que em Novembro haja livros disponíveis.
Devia então ser
pequena, que a gente era pouca pois os séculos precedentes tinham sido de escassa
autoridade e repetida devastação. Até o bispo de Braga vivia muito longe, em
Lugo, na Galiza.
Colocaram a
capela-mor a nascente, como na Sé de Braga, como nas igrejas de Santa Clara e Matriz
de Vila do Conde, como nas dos antigos mosteiros da Junqueira e de Rio Mau,
como nas pequenas e antigas igrejas da vizinhança (Santagões, Outeiro Maior,
Parada, Ferreiró, etc.)
Séculos atrás de
séculos, as pessoas da freguesia foram ali baptizadas, ali frequentaram a
eucaristia dominical, ali se casaram e, antes de se construir o cemitério, ali
foram sepultadas. E também ali tomaram conhecimento de momentos particularmente
felizes ou dramáticos da vida nacional, quando reis e arcebispos mandavam ler comunicações
sobre nascimentos ou casamentos de príncipes e princesas, sobre mortes de reis,
sobre guerras que se iniciavam ou findavam, sobre momentos de agitação
revolucionária…
No
século XVI
Dos primeiros 600
anos da existência da Igreja de Bagunte nada se sabe. Podemos conjecturar que
fosse em pedra nua, coberta a telha (ao contrário das casas particulares),
pouco iluminada, que possuísse algumas rudes esculturas (mais tarde
substituídas por solenes quadros pintados), que tivesse sofrido um aumento
porventura no século XVI, que lhe tivessem colocado um retábulo maneirista,
como teve Santagões. Mas nada está documentado.
No Tombo de 1559 mediram-na assim:
Começaram (a medir) no corpo
da dita Igreja e achou-se no vão dela, de comprido, nove varas e duas terças (cerca de 10,5 metros) e, de largo, seis
varas e meia (cerca de 7 metros), de
cinco palmos a vara; e na capela tem cinco varas e uma terça de comprido (mais de 5,5 metros) e de largo seis
varas (mais de 6,5 metros).
Tem um alpendre ao redor da igreja da banda do sul até à capela
principal; o adro, pela banda do sul, tem vinte e seis varas (cerca de 28,5 metros) para a porta
principal da igreja e outras vinte e seis varas para a banda do norte e tem
oito varas de largo (cerca de 8,5 metros)
e da banda do sul tem de largo oito varas.
Embora muito
sumária, esta é a mais antiga descrição
que se conhece da Igreja Paroquial de Bagunte. Por comparação com o corpo do
templo, a capela-mor era ampla. Em termos de largura, era mais estreita apenas
cerca de meio metro e tinha mais de metade do comprimento dele[1].
O alpendre deveria
servir para os viajantes da estrada que atravessava a freguesia. Voltado a sul,
todavia, não protegeria muito contra a chuva e o vento, nem mesmo contra o sol.
Na memória de 1758,
o abade Luís Freire do Couto falou da igreja nestes termos:
O orago desta Igreja é Santa Maria de Bagunte[2],
cuja festividade se celebra no dia da sua Expectação, e consta de uma só nave,
com cinco altares, o da sua Padroeira (o
altar-mor), dois colaterais: o da parte do evangelho do Santíssimo Nome de
Jesus, o da parte da epístola da Senhora do Rosário e desta parte o do Senhor
na sua Agonia e daquela o das Almas.
À parte a informação de que a igreja
possuía uma só nave, tudo o mais que diz se refere aos altares e seus
titulares.
Há algumas diferenças face à
actualidade: do lado norte, o do evangelho, estava, como hoje, o altar das
Almas e onde se venera agora a imagem do Imaculado Coração de Maria haveria
certamente uma composição evocativa do Santíssimo Nome de Jesus; frente a estes
estavam respectivamente os altares do Senhor da Agonia e o de Nossa Senhora do
Rosário. Não havia o da Senhora das Dores.
O Pe. Domingos da Soledade Silos, em
1845, limitou-se a informar que “a igreja desta freguesia é boa e está bem reparada,
segura e decente; tem sacrário com Santíssimo Sacramento e também bons
paramentos e todos os necessários”.
Antes do acrescento de 1950, a Igreja Paroquial era de
reduzida dimensão.