É na memória paroquial que se encontra a
primeira referência ao altar do “Senhor na sua Agonia”. Mas não é de crer que a
cruz e as imagens fossem as de hoje: a imagem do crucificado quase em tamanho
natural, mais São João Evangelista e Santa Maria Madalena. Devem antes ter sido
aquisição posterior, em todo o caso, antes da talha que nele se encontra.
O que nos leva a supor isso é a própria
talha: neste oratório não há colunas de estilo nacional ou joanino, tudo é
novo, rocaille. A iconografia deste
oratório implicou um investimento vultuoso.
Ao tempo do arrolamento republicano,
como hoje, já se acumulavam ali os dois grupos escultóricos: o original, do
Senhor da Agonia, e o grupo mais recente, do tempo do Pe. João Silva, que
representa a aparição do Sagrado Coração de Jesus a Santa Margarida Maria
Alacoque. Estas duas novas imagens, em tamanho natural, devem
ser a mais antiga representação desta aparição em larga redondeza, uns 40 anos
mais antiga que a da basílica poveira dedicada a esta devoção. É uma pena que
este grupo não tenha lugar próprio, condigno, que deixasse livre todo o
oratório para a cena do Calvário.
Monumental
oratório do Senhor da Agonia, que hoje acolhe também as imagens do Sagrado Coração
de Jesus e de Santa Margarida Maria Alacoque.
Como o retábulo das Almas, que lhe fica
em frente, este possui sanefa, sem dúvida a capitulada em 1760.
Pormenor
do oratório do Senhor da Agonia onde se podem admirar a decoração rocaille e a coluna do mesmo estilo.
Oratório da
Senhora das Dores
Este oratório deve ser recente: mesmo o
arrolamento republicano ainda não o conhece.
A talha reduz-se à moldura que está por
trás da imagem, mais a espécie de estrado, muito singelo, em que esta assenta.
Foi tudo concebido para condizer com o rocaille[1] predominantemente
na Igreja.
Nicho
de Nossa Senhora das Dores, ladeada por duas imagens que aparentam ser muito
antigas.
Com a chegada da amplificação sonora, os
púlpitos deixaram de se justificar. Antes, eram imprescindíveis para o pregador
se fazer ouvir de toda a assembleia dos fiéis[2].
Na Igreja de Bagunte, o púlpito continua
como uma bela peça de mobiliário a recordar um longuíssimo passado. É com
certeza o mencionado em 1760.
Púlpito
da Igreja de Bagunte.
Para o encosto deste banco que se encontra ao lado do altar
aproveitou-se parte da sanefa do arco cruzeiro (que tinha sido alargado).
[1] A
devoção à Senhora das Dores, como ao Senhor da Agonia, é um mergulho fundo no
cerne da mensagem cristã, centrada na Cruz de Cristo. Durante a primeira metade
do século XX, na Póvoa de Varzim, o Pe. José Cascão deu grande contributo para
popularizar a devoção à Senhora das Dores. O oratório da Igreja de Bagunte deve
ter alguma relação com a pregação deste culto sacerdote.
[2] Em
tempos recuados, nas universidades também se ensinava de um púlpito.
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