segunda-feira, 7 de setembro de 2015

NO INTERIOR MARIANO DA IGREJA DE BAGUNTE

Uma igreja mariana


Uma igreja mariana é uma igreja dedicada a Maria, a Mãe de Deus, Nossa Senhora.
No opúsculo O Culto Mariano no Arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, a igreja de Bagunte é a primeira[1] a ser descrita pelo autor, o Mons. Manuel Amorim, entre as “paróquias que têm Nossa Senhora como titular”. É uma descrição sucinta, mas ainda assim importante por se tratar de autor muito bem informado. Escreveu ele:

A igreja é de uma só nave e sofreu, recentemente, um acréscimo para poente. Tem cinco altares e dois grandes oratórios abertos em pequenas capelas no corpo da igreja. Quatro dos altares são dedicados a Nossa Senhora: o altar-mor da Padroeira, altar de Nossa Senhora do Rosário, altar de Nossa Senhora das Dores e altar do Sagrado Coração de Maria. No altar das Almas está uma bela composição escultórica de Nossa Senhora da Boa Morte. No altar de Nossa Senhora das Dores temos uma escultura das Santas Mães.
O tecto do corpo da igreja está pintado a óleo com medalhões historiando os mistérios de Maria: Natividade (nascimento do Salvador), Anunciação, Visitação e Assunção.

Interior da Igreja Paroquial de Bagunte.

Nossa Senhora da Expectação ou do Ó, a padroeira

O título de Nossa Senhora da Expectação ou Nossa Senhora do Ó, a padroeira da freguesia, aponta para um momento litúrgico próximo do Natal, 18 de Dezembro, que considera Nossa Senhora prestes a ser mãe e que se extasia perante o mistério do Filho de Deus que se faz homem em seu seio.
Esta invocação relaciona-se com um conjunto de sete breves cânticos, as antífonas do Ó, que então se rezavam e que começavam todas pela interjeição Ó: O Sapientia (Ó Sabedoria), O Adonai (Ó Deus), O Radix Jesse (Ó Raiz de Jessé), O Clavis David (Ó Chave de David), O Oriens (Ó Sol Nascente), O Rex Gentium (Ó Rei das Nações), O Emmanuel (Ó Deus-Connosco)
No início do século XVIII, um sacerdote descreveu assim a imagem da padroeira;

A imagem de Nossa Senhora da Expectação, com o seu Menino nos braços e com suas coroas de prata modernas.

Tratava-se duma imagem já antiga, mas não era propriamente uma imagem de Nossa Senhora da Expectação… pois já não estava à espera do seu Filho, que tinha nos braços.
Imagem recente de Nossa Senhora do Ó na Igreja Paroquial. O ventre volumoso ajusta-se ao momento que pretende evocar.

Retábulo-mor


O retábulo-mor não é aquele de que falava o capítulo de 1749 nem o mesmo com acrescentos rocaille de 1757 e que seria globalmente de barroco nacional ou joanino. Por qualquer razão que desconhecemos, cerca de um século depois, foi substituído pelo actual, de inspiração neoclássica, de boa execução. 
 Retábulo-mor da Igreja Paroquial.

Os medalhões do tecto

É natural que a igreja mariana de Bagunte exalte a Mãe de Deus: é esse o sentido dos medalhões do tecto, que representam a Anunciação do Anjo, a Visita a Santa Isabel, a Natividade e a Assunção. Estes medalhões devem reproduzir belos quadros clássicos, donde está ausente um mínimo de enquadramento realista dos momentos fixados.



Medalhões marianos do tecto a igreja: Anunciação, Visitação, Natividade do Salvador, Assunção ao Céu.


[1] É a primeira em razão da ordem alfabética.

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